Trabalho significativo por uma vida mais verdadeira

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Hoje não vim falar de flores. Estou aqui, com o coração aberto, para realizar o desejo antigo de compartilhar impressões sobre algo que muitos chamam de trabalho significativo, mas que eu ousaria chamar de felicidade.

Há muito tempo, tenho vontade de dividir com vocês a minha experiência de vida longe de um emprego formal. Mas a verdade é que só agora posso dizer que aprendi a lidar com os espinhos e todas as feridas que carrego no peito. Por que agora? Dia do Trabalho. PL da terceirização aprovada. E o relato da ex-executiva Claudia Giudice sobre a dor e a angústia de perder o crachá, após anos de trabalho duro. Me emocionei muito com o texto, e finalmente compreendi que precisava falar sobre isso.

Também perdi meu crachá. Me arrancaram a pele no dia 15 de janeiro de 2013, com a frase: – Alice, você é ótima, mas não tem o nosso perfil. Trabalhava em uma grande empresa de Telecom. Aos 25 anos, era jornalista, arquiteta de informação, redatora, bombeira e pau para toda obra que você possa imaginar. Executava meu trabalho com paixão, criatividade e brilho nos olhos. Chegava cedo e saía bem tarde, quase todos os dias. Nunca me importei. Era isso que me fazia sentir viva: realizar grandes entrevistas e escrever as matérias mais ricas que alguém poderia escrever no mundo corporativo!

Sem o crachá, nada disso importava mais. Saí da sala com a folha na mão, ainda incrédula, tentando recolher os cacos do meu coração. Nunca tinha passado por isso. Sem saber como agir, telefonei para uma amiga e disse: – Fui demitida. Estou no corredor do 4º andar. Pode vir correndo aqui me buscar? Estava triste e envergonhada. Só de pensar que ainda teria de ver e encarar as pessoas, comecei a chorar.

– Por que eu? Por que agora? Por que justamente agora?

Meu pai havia partido há menos de três meses. Meu coração estava em frangalhos. Foram anos de luta contra o câncer. Consultas diárias. Radioterapia. Efeitos colaterais da porcaria da radioterapia. Inúmeras cirurgias e internações. Os últimos anos foram de grande batalha entre a vida e a morte. Eu não sabia nunca o que esperar. Não havia nenhuma certeza. Vivemos uma rotina interminável, muito desgastante, que eu tinha prazer em levar com a maior alegria.

É claro que também sentia uma angústia sem fim. Nas horas mais difíceis, eu me trancava no banheiro – em casa ou no trabalho – e chorava feito criança. Depois, lavava o rosto e tocava em frente, pois eu não tinha o direito de desabar. Ele precisava de mim. E eu dele, mais do que tudo. Era o grande amor da minha vida!

Vi a doença se agravando dia após dia, sempre com esperança no coração. Perdê-lo era uma opção que não existia. E não adiantava tentar me convencer com aquele papo de “ah, mas ele vai sofrer menos” porque meu pai amava viver, e não desistiu de lutar nem por um segundo. No fim, o câncer venceu. Eu não estava preparada e acabei me afundando em uma profunda depressão.

Naquele momento – o pior da minha vida – o trabalho era tudo para mim. Um norte. Uma terapia. A razão de levantar da cama todas as manhãs. O desespero foi inevitável. Apesar da capa de mulher maravilha, forte e decidida, eu era só uma menina com o coração frágil e amedrontado. E não falo do medo de baratas ou de ficar sozinha no escuro. Falo do medo de mim mesma. De não ser tão forte quanto precisava ser. De não conseguir superar toda a dor. De não ter mais coragem de sair de casa. De nunca mais voltar a sorrir.

– E agora, o que seria de mim?

Não estou aqui para me transformar em vítima nem para discutir se a minha demissão foi certa ou errada. A meu ver, um pouco desumana. Pelo meu momento de vida. Mas,  principalmente, pelo meu histórico de profissional competente, apaixonada e extremamente comprometida com tudo o que faz.

Hoje enxergo tudo isso como parte importante do meu crescimento. Só que não foi nada fácil. No início, recebi ligações carinhosas, tive almoços de despedida e recebi e-mails saudosos de “amigos” queridos. Mas em pouco tempo, as pessoas se afastaram e então me vi completamente só, deprimida, e em casa, sem ter o que fazer. Procurar outro emprego, no meu estado, não era uma opção. Eu tentei algumas vezes e foi desastroso. Chorava rios de lágrimas nas entrevistas. Eu estava destruída. Era inevitável falar do meu pai.

Os dias foram passando e, com eles, toda a minha vontade de viver. Eu não conseguia reagir. Até cheguei a trabalhar, como consultora, em alguns projetos digitais, e agradeço muito a quem me deu essa oportunidade. Mas depois de tudo o que vivi, eu precisava sentir o coração bater ainda mais forte.

O trabalho burocrático que me levava a ficar 8, 10 e até 12 horas por dia presa em uma sala já não fazia sentido. Era a hora de resgatar os sonhos – um por um – que estavam enterrados na gaveta do escritório. Precisava de algo que me fizesse sentir viva, que me transmitisse força e energia para seguir em frente. Nesse momento, as lembranças de infância falaram mais alto. Gritaram no fundo do peito. Sempre tive uma forte paixão por plantas, jardins, casa, decoração e afins. Por que não escrever sobre isso?

Logo me vi trocando a mesa cinza do escritório por uma varanda florida. Uma rotina de trabalho estressante por dias bem mais divertidos. Os chefes pelos leitores e clientes mais queridos do mundo!  

(e eu adoro trabalhar assim, descabelada, de pantufas, com os gatos no colo…)

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Esta decisão mudou a minha vida por completo e fez nascer o Jardim do Coração, com a proposta de levar #maisamor e muito #maisverde para a vida das pessoas. Os amigos mais próximos sempre perguntam como é a vida aqui fora, e eu digo que é doce, florida e cheia de espinhos, mas extremamente feliz.

De tão apaixonada pelo antigo trabalho, mal sabia que no fundo era apenas uma escrava. Um número. Algo descartável. Facilmente manipulável e substituível. Se hoje tenho uma vida perfeita? Não, mas não mudaria absolutamente nada. Amo o meu trabalho e tenho, dia após dia, uma recompensa única: a consciência de que aqui posso me dar ao luxo de trabalhar com princípios que hoje não abro mão por nada nesse mundo!

Estou falando de respeito, sinceridade, transparência, carinho e amor ao próximo. Não há nada de espetacular. E mesmo assim, as empresas deixaram essas coisas de lado. É por isso que eu não acredito em grandes corporações. Cresceram a tal nível que simplesmente esqueceram a sua razão de existir: o cliente. Vivem centradas em seu universo particular, de forma egoísta, focadas no próprio umbigo e na manutenção do status que já conquistaram. Só visam o lucro, puro e simples.

Eu não quero ser parte disso. A ideia aqui é multiplicar a semente de transformação por um mundo melhor. Compartilhar #maisamor. Resgatar o tempo com a família para curtir velhos hábitos. Plantar, semear e cuidar de um ideal. Lutar por um planeta mais verde e por uma vida mais verdadeira.

Foi com essa energia que criei a loja virtual do Jardim do Coração em 2014, tendo como carro-chefe a linha de lembrancinhas ecológicas para festas e eventos. Desde então, o atendimento aos clientes tem sido a minha grande paixão, pois descobri que amo lidar com as pessoas, mesmo com esse meu jeito tímido de ser. Quero viver um crescimento sustentável, pautado em brilho nos olhos e em consumo de experiênciaA melhor experiência de compra possível, com toda felicidade e encantamento que o cliente merece.

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Ufa! Para quem não tinha a menor ideia do que fazer na vida, já é coisa pra caramba, né? Para completar minha felicidade, agora também escrevo uma coluna semanal no Arrumadíssimo e estou doida para escrever mais, muito mais, onde encontrar espaço e tiver liberdade! 🙂

Tive a sorte de conhecer pessoas que acreditaram nos meus sonhos, quando até eu duvidava deles. Hoje estou aqui, não para dizer “olha só, vejam como estou bem”, mas para dizer que você deve sempre acreditar nos seus sonhos, por mais loucos que possam parecer. Não vou dizer que é fácil a vida aqui fora, mas posso afirmar que é uma vida muito mais verdadeira.

Diz pra mim… Se hoje você tivesse dinheiro suficiente para viver o resto de sua vida de um jeito extremamente confortável, sem preocupações, e sem ter que se dedicar ao trabalho atual, o que você faria na vida?

Apenas olhe para si mesmo e seja sincero.

Feito isso, posso te dizer de coração: – Vá em busca dos seus sonhos! A vida é curta demais para deixar em segundo plano o que realmente te faz feliz.

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Quando foi que a gente aprendeu a enterrar os sonhos na gaveta? Nunca entendi o porquê dessa crueldade: a gente sonha grande, cresce, vira adulto, vai trabalhar e esquece os sonhos na gaveta do escritório. Desejo do fundo do meu coração que você possa despertar todos eles!

A empresa em que você trabalha não vai mudar. As pessoas ao seu redor também não vão mudar. Quem deve mudar é você. Apenas você. Se existe uma fórmula da juventude, tenho certeza que é aprender coisas novas. Permita-se.

E para finalizar este post, quero deixar uma mensagem para incentivar seu primeiro passo nesta caminhada.

“Antes do compromisso há hesitação,

a oportunidade de recuar,

a ineficácia permanente.

Em todo ato de iniciativa

(e de criação),

há uma verdade elementar

cujo desconhecimento destrói

inúmeras idéias e planos esplêndidos:

no momento em que nos comprometemos de fato,

a providência age também.

Ocorre toda espécie de coisas para nos ajudar,

coisas que de outro modo nunca ocorreriam.

Toda uma cadeia de eventos surge da decisão,

fazendo vir em nosso favor todo tipo de encontros,

de incidentes e de apoio material imprevistos

que ninguém poderia sonhar que viria em seu caminho.

Comece tudo o que pode fazer,

ou que sonha que pode fazer.

Há gênio, poder e mágica na Ousadia.”

(trecho do livro “Fausto”, de Johann Goethe)

Um beijo no <3!